Em breve, site Trilhos do Rio !

Aguardem ... vem aí o site Trilhos do Rio, com muitas atrações e informações sobre os trilhos do estado do Rio de Janeiro !

Em breve, site Trilhos do Rio !

Informações e curiosidades sobre estações, linhas e ramais existentes, ou desativados ...

Em breve, site Trilhos do Rio !

Transportes sobre trilhos é aqui: Trem, Bonde, Metrô, VLT e muito mais !

Em breve, site Trilhos do Rio !

Participe você também ! Colabore com informações, matérias e postagens !

Em breve, site Trilhos do Rio !

E isso é só o começo ... aguardem !

sábado, 19 de março de 2016

Trilhos: a volta dos que não foram !

Nas décadas de 1940, 1950 e 1960, com a implantação e incentivo à fabricação de veículos automotores (carros e caminhões principalmente), outros meios de transporte foram erroneamente "deixados de lado". Sem a modernização e manutenção necessária, os transportes sobre trilhos como os trens e principalmente os bondes, foram gradativamente sendo retirados de circulação.









Documentário sobre a erradicação dos Bondes nos Estados Unidos, dividido em 6 partes. O que aconteceu lá também aconteceu por aqui ...

Passaram os anos e décadas, e parece que FINALMENTE o país acordou para o erro cometido no passado: a extinção de milhares de quilômetros de trilhos em razão da implantação de uma política rodoviarista, que acabou por arrasar com a logística de transporte, com a economia, desenvolvimento e evolução do país. Mas não vamos comemorar pois ainda é um princípio do início do começo ...

Uma foto publicada por Trilhos do Rio (@trilhosdorio) em



Durante este período de mudança de visão, da extinção de ferrovias para a implantação das rodovias, alguns fatos curiosos vieram à tona. E quando se fala em vir à tona, isto não é força de expressão; muitas ferrovias tiveram seus trilhos retirados, mas em muito locais, eles não foram tirados do lugar ! Ou foram abandonados, largados à própria sorte tornando-se "presas facéis" de revendedores de metal para ferros-velho, ou removidos e reutilizados para diversos fins.

Uma foto publicada por Trilhos do Rio (@trilhosdorio) em



Neste último caso, entram também os dormentes: enquanto os trilhos removidos foram reutilizados como cerca de residências, vigas para construções, proteção de calçadas em esquinas ou obstáculos para estacionamentos e até bloqueio em acessos de comunidades dominadas por bandidos, os dormentes sem função ferroviária passaram também a ter vários usos, servindo até como adorno e decoração paisagística em jardins e parques.

Uma foto publicada por Trilhos do Rio (@trilhosdorio) em





Mas curiosamente, como muitos trechos de trilhos e dormentes não foram removidos, apenas ocultos, soterrados ou cobertos de asfalto, conforme foi passando o tempo eles foram ressurgindo, como "mortos-vivos" saindo de suas sepulturas.

Dormentes do antigo ramal de Tinguá da EF Rio d'Ouro, descobertos durante expedição da AFTR no trecho Cava x Tinguá, em Nova Iguaçu, em 2013. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira
 

Trilhos na Praça Santos Dumont, na Gávea. Atualmente em parte da calçada, antigamente ficavam no asfalto da via. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira (2016)

No decorrer de obras como as do BRT Transcarioca e adurante as obras da "Linha 4" do Metrô (expansão General Osório x Jardim Oceânico), na ocasião das escavações das ruas, os antigos trilhos de bonde apareceram. Infelizmente muitos foram removidos para a continuidade das obras, e seus destinos foram incertos.

 O pesquisador da AFTR Melekh mostra um dormente encontrado nas obras do BRT TransCarioca. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira em 2014

 


Do lado direito de uma obra no Leblon, próximo às obras da estação Antero de Quental da "Linha 4" do Metrô, um trilhos de bonde ressurge. Foto: 'Dado' Eduardo P.Moreira em 2015

 Recentemente, uma dessas aparições tornaram-se as manchetes de primeira página de jornais: com a implantação do VLT - Veículo Leve sobre Trilhos (o bonde moderno) na região Portuária e do Centro da Cidade do Rio de Janeiro, muitos trilhos dos bondes antigos, com mais de 100 anos de idade, começaram a ressurgir. E muitos exatamente no mesmo traçado do atual percurso que o VLT irá passar. Ou seja: décadas depois de serem mortos e enterrados, os trilhos estão voltando, de onde nunca deveriam ter saído.

 Durante as escavações para obras do VLT, trilhos de bonde sepultados há décadas ressurgem para nos lembrar que os trilhos voltarão a dominar a paisagem da região. Na imagem, a região próxima à estação Central do Brasil.
Foto: Luiz Eduardo Rangel, em março de 2016

Que isso seja um sinal de que ainda há tempo para remediar os erros do passado. Há espaço de sobra para os trilhos: só falta consciência e boa vontade.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Razão e emoção na mesma linha

Desde o início das nossas pesquisas, em nome da competente equipe Trilhos do Rio, muitas coisas vieram à tona, muitos segredos foram revelados, muita informação foi divulgada e disseminada, frutos de intensa e determinada pesquisa em campo e em instituições históricas. Somos defensores de um sistema de transporte sobre trilhos como solução para diversos problemas, principalmente de mobilidade mas também de logística, saúde pública, desenvolvimento, equilíbrio ecológico, etc ... os benefícios são tantos, que parece até que os trilhos são endeusados ou humanizados, mas na verdade não é isso. São apenas noções lógicas de consciência. Não há exagero nem sentimentos irracionais ou preferenciais.



A população às margens da EF Cantagalo se despede do último trem a circular no trecho
Arquivo Pessoal Família Ponciano, fonte: Página Pró-memória Sumidouro


Entretanto, há algum tempo, vemos que diversas "forças ocultas" (as aspas são simbólicas, pois não são tão ocultas assim) nos espreitam, tentando acertar, seguir ou atrapalhar os nossos passos. Mas isso não nos fará sair da linha. E isso não é apenas linguagem figurada ...



Em Sumidouro, a população posa junto à locomotiva. É um último Adeus.
Arquivo Pessoal Família Ponciano, fonte: Página Pró-memória Sumidouro


Este texto e as imagens podem parecer um pouco confusos à primeira vista, mas ao final podem ler o título e verão que foi todo um resumo das sensações que passaram por nossas mentes nas últimas semanas.

 Arquivo Pessoal Família Ponciano, fonte: Página Pró-memória Sumidouro

Falar sobre sensações e momentos de objetos inanimados como trilhos e dormentes, máquinas como locomotivas, carros/vagões e trens, e unir a isso tudo momentos marcantes vividos pela população que se utilizou e beneficiou dos mesmos, podem parecer insanidade e fanatismo, mas vejamos de outra maneira, infelizmente de uma forma dramática ...

O último trem passa pela estação Murineli
 
Arquivo Pessoal Família Ponciano, fonte: Página Pró-memória Sumidouro

Na época de criação das ferrovias pelo estado do Rio de Janeiro, não houve um padrão na construção: diferença de bitolas, traçados não tão eficientes, interesses de fazendeiros e donos de terras por onde os trilhos passariam, relevo acidentado ... muito fatores influenciaram as estradas de ferro. Alguns desses fatores foram cruciais para a sua futura extinção: algumas ferrovias tornaram-se ineficientes, acabando por serem erradicadas.

Os trilhos da ferrovia sendo retirados e empilhados: a ferrovia cumpriu o seu papel.
Não pode mais, por motivos escusos.
Arquivo Pessoal Família Ponciano, fonte: Página Pró-memória Sumidouro

Muitas outras, como já foi comentado anteriormente em outras postagens, foram criminosamente "sabotadas": por diversos responsáveis, muitos trechos de trilhos foram "varridos do mapa" com a simples desculpa de que eram deficitários. Para chegar a essa conclusão e medida, simplesmente deixavam de lado a manutenção e investimento, não se modernizava e acabava por tornar-se um sistema sem condições de funcionar. A questão é que os trilhos foram enraizados na cultura Brasileira, há um certo "carinho" pelo "Trem Bão" como dizem os Mineiros, uma gratidão pelas máquinas que trouxeram progresso em praticamente todos os territórios por onde passaram. E isso de certa maneira dói no coração, é como se ao erradicar uma ferrovia que era rotina nas vidas da localidade, que ajudava até a regular os horários pela sua pontualidade, que traziam as boas e más notícias, que traziam informação e alimentos, que levavam e retornavam as pessoas e familiares queridos ... era como se estivesse sendo levado um ente querido, um parente próximo, alguém que fazia parte do seu cotidiano diário, todos os dias, e que agora possivelmente nunca mais seria visto.

 Enquanto a rodovia, concorrente em vantagem por não haver modernização da ferrovia, é construída, vê-se ainda ao lado os trilhos da desativada ferrovia.Arquivo Pessoal Família Ponciano, fonte: Página Pró-memória Sumidouro

Por isso as fotos retratadas nesta postagem nos emocionaram bastante. Não que não interpretemos os fatos pela razão, o fato é que a razão para o que ocorreu é que não faz sentido. Trens que circulavam cheios, transporte que beneficiava a população e que fazia parte da vivência local ... se algo está funcionando, pra que mudar ? Se algo não está dando certo, pode-se aperfeiçoar e torna-la novamente melhor utilizável. Então, qual a explicação para trens que "nos deixaram" como a EF Príncipe do Grão-Pará (Petrópolis), a EF Teresópolis (Teresópolis), EF Rio d'Ouro (trechos densamente povoados da Baixada Fluminense), EF Cantagalo (Nova Friburgo e cidades serranas), Linha do Litoral da EF Leopoldina (Macaé, Campos e Vitória-ES), EF Maricá (Balneários da Região dos Lagos) e tantos outros.

Um trem em Nova Friburgo fazendo uma tarefa ingrata:
enquanto se locomove, remove os próprios trilhos por onde passa.
Acervo Castro

Na época dessas erradicações, os veículos como carros e caminhões estavam sendo adotados em massa, e tornavam-se uma opção particular aparentemente mais vantajosa, havia (e ainda há) uma espécie de status por possuir um carro ... mas para ficar preso em congestionamentos, correr risco muito maior de acidentes do que numa ferrovia, não ter conforto como em alguns trens de passageiros e ainda poluir mais o ar que uma locomotiva a vapor ou a diesel ? Não vemos vantagem nisso. Estas e outras são as razões para lutarmos pelo verdadeiro desenvolvimento: transporte sobre trilhos. Pode envolver emoção, mas que nos leva à buscar e fazer predominar a razão.

Em frente a escola Arnor Silvestre Vieira em Parapeúna/RJ, os alunos foram se despedir do último trem que circulou no horário das 12 horas no dia 30/06/1970. Foi o último adeus da Maria fumaça...
Fonte: Facebook

Vejam bem estas marcantes imagens. São emocionantes, mas talvez são emoções que só quem luta pelos trilhos, quem viveu ou trabalhou nos trilhos ou que sabe que muitas soluções estão nos trilhos saberia dizer o que são estas emoções. Cenas que fazem parte de um passado que muitos de nós não vivemos, mas para quem viveu e mesmo quem não viveu essa realidade, continuaremos lutando para que muitos destes trilhos retornem.


E alguns já estão retornando ... aguardem as próximas postagens ...

Seguidores

Estamparia Trilhos do Rio